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A FAPESP e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável


Apoiado pela FAPESP, Instituto de Zootecnia amplia oferta de soluções para produtores de carne e leite


Apoiado pela FAPESP, Instituto de Zootecnia amplia oferta de soluções para produtores de carne e leite

Projeto de modernização e capacitação de pessoal foi um dos 12 selecionados no edital Plano Institucional de Pesquisa dos Institutos Estaduais de Pesquisa do Estado de Paulo (foto: Instituto de Zootecnia)

Publicado em 23/04/2021

Claudia Izique | Agência FAPESP – O Instituto de Zootecnia (IZ) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) irá inaugurar o novo laboratório de nutrição animal assim que o governo paulista suspender as medidas de isolamento social adotadas em razão da pandemia da COVID-19. Equipado como o apoio da FAPESP, o laboratório permitirá ao IZ expandir sua capacidade de pesquisa em produção de carne e difundir para a cadeia produtiva tecnologias sustentáveis na criação de bovinos de corte em pasto e em confinamento.

“O apoio da FAPESP mudou a instituição de patamar e deu um direcionamento de atividades de pesquisas para os próximos 20 anos”, diz Renata Helena Branco Arnandes, pesquisadora responsável pelo projeto.

O projeto do IZ , instituto vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, foi uma das 12 propostas aprovadas no edital Plano Institucional de Pesquisa dos Institutos Estaduais de Pesquisa do Estado de São Paulo, lançado pela FAPESP em 2017, que destinou um valor total R$ 120 milhões para a modernização e capacitação de pessoal dessas instituições.

“O objetivo do projeto é ampliar o conhecimento científico e tecnológico existente e criar novos conhecimentos por meio da interação e cooperação com outras instituições de referência, no país e no exterior, aumentando a capacidade de inovação”, afirma Arnandes.

Antes mesmo da inauguração do laboratório de nutrição animal, o IZ já registra um aumento significativo de demandas da cadeia produtiva de carne. “Temos projetos com empresas do setor, operando no modelo de parceria público-privada (PPP). Fazemos a pesquisa e a empresa financia. Este modelo já vinha sendo adotado nos trabalhos do IZ, mas, agora, a capacidade de condução de projetos e a visibilidade do Instituto aumentou muito. A agenda está fechada até outubro de 2021”, afirma Arnandes.

O projeto também prevê ampliar o intercâmbio de pesquisadores com instituições do exterior, de forma a agregar novas expertises ao grupo de pesquisadores e melhorar a capacidade de inovação para atingir metas estabelecidas em médio e curto prazos.

Uma das expectativas, por exemplo, é praticamente dobrar o número de projetos aprovados em agências de fomento até 2026 e, no mesmo período, multiplicar a capacitação do corpo técnico no exterior e aumentar de 14 para 26 o número de cooperações científicas com instituições internacionais. “Já temos dois bolsistas Jovens Pesquisadores [Nedênia Bonvino Stafuzza e Eduardo Marostegan de Paula] trabalhando com nutrição animal com parceiros internacionais”, ela afirma, citando o exemplo de instituições na Flórida, Nebraska e Wisconsin, nos Estados Unidos.

Mas a pandemia da COVID-19, de novo, adiou planos de aumentar o intercâmbio internacional. “A nossa intenção era enviar dois bolsistas de pós-doutorado para o exterior neste ano. Mas apenas um deles conseguiu permanecer alguns meses na Texas A&M, em San Antonio”, conta Arnandes.

Produção sustentável de leite

O Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa do IZ inclui a expansão de duas outras áreas estratégicas: a produção sustentável de leite e sistemas integrados de produção agropecuária. “O laboratório da qualidade do leite já está em andamento. Ampliamos em 30% a capacidade de pesquisa e, em breve, estaremos prontos para iniciar também a análise de células somáticas e a qualidade do leite, com análise de gordura, proteína e sólidos totais”, conta Arnandes, acrescentando que, junto com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), o IZ já está oferecendo cursos aos produtores.

Também foram adquiridos equipamentos que possibilitam mensurar o consumo de alimentos e que permitirão à equipe trabalhar em projetos específicos de eficiência alimentar, emissão de metano, juntamente com o equipamento de ordenha de última geração adquirido também por meio da FAPESP.

As pesquisas em andamento envolvem o aprimoramento de sistemas de criação de bezerros, avaliação de sistemas de produção leiteira, melhoramento genético animal, bem-estar animal, qualidade do leite, entre outros.

A base de sustentação das pesquisas são os sistemas de semiconfinamento, a produção integrada e biotécnicas reprodutivas. “O objetivo é disponibilizar tecnologias e fornecer aos produtores de leite animais com alto valor genético e baixo custo”, afirma a pesquisadora.

Integração agropecuária

O uso de sistemas integrados de produção agropecuária – a terceira área de pesquisa contemplada no projeto – permite a produção de alimentos de origem vegetal e animal em uma mesma área e em um único ano agrícola, com benefícios físicos, químicos e biológicos para o solo.

Quatro grupos de pesquisa do IZ estão envolvidos em estudos sobre avaliação da morfofisiologia de gramíneas e leguminosas, sistemas agrossilvipastoril, manejo de pastagens, entre outros temas.

“O plano é identificar sistemas integrados de produção em suas diferentes formas, com implantação e condução de arranjos produtivos para explorar sinergismos e propriedades emergentes no solo, nas plantas, nos animais e ambientes, demonstrando sua viabilidade técnica e econômica, bem como benefícios ecológicos e ambientais”, afirma Arnandes.

A equipe do IZ responsável por essa linha de investigação participa também de Projeto Temático apoiado pela FAPESP, sob coordenação de Paulo Henrique Mazza Rodrigues, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), que estuda a mitigação de gases de efeito estufa por meio do uso de leguminosas e forrageiras.

O IZ conta com cinco centros de pesquisas instalados em Americana, Nova Odessa e Sertãozinho. São, ao todo, 41 pesquisadores e 67 funcionários de apoio à pesquisa, além de 45 administrativos. Somam-se à equipe três pesquisadores e 25 funcionários de apoio à pesquisa na APTA Alta Mogiana, em Colina.

O Instituto oferece programa de pós-graduação em Produção Animal Sustentável, em nível de mestrado, com três linhas de pesquisas voltadas para espécies ruminantes e não ruminantes e produtos animais de interesse econômico, com foco na sustentabilidade dos sistemas de produção.

Fonte: https://agencia.fapesp.br/34334