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Brasil lança o primeiro Biorrepositório Nacional da Biodiversidade


Brasil lança o primeiro Biorrepositório Nacional da Biodiversidade

O objetivo é que a plataforma se torne uma biblioteca de dados de diversas espécies animais, de modo a ampliar a cooperação científica e facilitar a investigação biológica, favorecendo a identificação precoce de riscos epidemiológicos (imagem: Bionabio/reprodução)

Publicado em 04/12/2025

Agência FAPESP – Foi lançado o Biorrepositório Nacional da Biodiversidade (Bionabio), iniciativa inédita no Brasil que tem o objetivo de aprimorar a vigilância de patógenos em animais silvestres. O projeto, apoiado pela FAPESP e coordenado por Ricardo Dias, professor na Universidade de São Paulo (USP), foi desenvolvido em parceria com o Instituto Todos pela Saúde (ITpS).

O surgimento de novas doenças, em especial de origem zoonótica, é um desafio crescente para a saúde pública global e o Brasil se destaca por ter biomas tão diversos como a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. Nesse contexto, o Bionabio busca fortalecer e estimular ações que mitiguem o risco de transbordamento de patógenos emergentes na fauna para humanos, além daqueles que ameacem a biodiversidade, e também fomenta pesquisas que consideram a integração entre saúde humana, animal e ambiental, observando a abordagem “Uma Só Saúde” (One Health). Mapear a diversidade de microrganismos na fauna brasileira e seus impactos para os seres humanos é fundamental para prevenir e prever surtos de doenças.

Diferentemente de um repositório de amostras animais centralizado, o Bionabio funciona como uma rede virtual colaborativa. As amostras – provenientes de animais vivos, debilitados, capturados ou mesmo mortos – permanecem em seus locais de origem, como centros de triagem, coleções científicas e serviços de atendimento a animais selvagens, mas passam a integrar também uma base de dados unificada, seguindo regras de custódia e governança.

O objetivo é que a plataforma se torne uma biblioteca de dados de diversas espécies animais, de modo a ampliar a cooperação científica e facilitar a investigação biológica, favorecendo a identificação precoce de riscos epidemiológicos.

“O Bionabio representa um marco para o Brasil. Ele não é apenas um banco de dados, mas uma rede de colaboração científica que fortalece a capacidade de vigilância de patógenos emergentes. Em um país de dimensões continentais e de tamanha biodiversidade, ter uma ferramenta como essa é estratégico para prever riscos e proteger tanto a saúde humana quanto a animal”, afirmou Dias à Assessoria de Imprensa do ITpS.

Pesquisadores do instituto participaram da concepção do Bionabio e do modelo de governança, assim como da definição de protocolos de amostragem e do desenho da estratégia de integração dos dados. Além do ITpS, o projeto conta com a colaboração de mais de cem profissionais de instituições de referência em diferentes regiões do país, reforçando a proposta descentralizada.

“Participar do desenvolvimento do Bionabio é contribuir para um novo patamar de ciência aplicada à saúde no Brasil. Cada amostra registrada carrega informações que podem ser decisivas para a compreensão de doenças emergentes e para a prevenção de surtos. É uma ação que conecta biodiversidade, pesquisa e saúde pública em um mesmo eixo de proteção”, ressaltou o virologista Anderson Brito, coordenador científico do ITpS.

Com a institucionalização da rede, o Bionabio também busca assegurar a sustentabilidade de longo prazo, com treinamentos contínuos, ampliação de infraestrutura e maior capilaridade de coleta e análise.
 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/56670