Iniciativa que será lançada no dia 28 de novembro vai reunir FAPESP, USP, Unicamp e as organizações sem fins lucrativos Medicines for Malaria Venture e DNDi; investimento será de R$ 43,5 milhões em cinco anos (foto: Daniel Antonio / Agência FAPESP)
Publicado em 12/04/2021
Agência FAPESP – Um consórcio internacional voltado ao desenvolvimento de novos medicamentos para doenças negligenciadas e para a malária será formado pela FAPESP em parceria com as universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp) e as organizações sem fins lucrativos Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e Medicines for Malaria Venture (MMV).
Apoiada no âmbito do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) da FAPESP, a iniciativa receberá ao todo investimentos de R$ 43,5 milhões em cinco anos. A Fundação fará um aporte de R$ 7,8 milhões. Outros R$ 12,8 milhões serão investidos por DNDi e MMV. Unicamp e USP vão contribuir com R$ 22,9 milhões, em infraestrutura de pesquisa e custos de pessoal. O acordo será assinado no dia 28 de novembro, na FAPESP.
O objetivo geral do consórcio é identificar candidatos pré-clínicos com chances de se tornarem novos compostos para o tratamento da leishmaniose visceral, doença de Chagas e malária.
No projeto que será conduzido em parceria com a MMV o foco será identificar uma nova molécula para o tratamento da malária que possa matar rapidamente o parasita, evitando o desenvolvimento de resistência ao medicamento. Idealmente, a nova molécula deve ter o potencial quimioproteção em dose única, o que ajudaria a eliminar a malária em países como o Brasil e, eventualmente, em todo o mundo.
Já no projeto com a DNDi o objetivo é entregar um composto para o tratamento da doença de Chagas e leishmaniose pronto para desenvolvimento clínico. Busca-se, assim, seguir os perfis de produtos-alvo desenvolvidos pela DNDi e seus parceiros para garantir a entrega de um composto que satisfaça as necessidades dos pacientes.
“A colaboração da Unicamp e USP com MMV e DNDi, ao mesmo tempo em que traz para São Paulo o desafio de pesquisa de descoberta de moléculas que sejam boas candidatas clínicas no combate a doenças negligenciadas e à malária, também abre o acesso ao acervo das organizações parceiras e a sua experiência na análise de tais moléculas. Dessa forma, une pesquisa na fronteira do conhecimento e conectada a aplicações de enorme relevância social com formação de pesquisadores, importantes objetivos para o Estado de São Paulo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
As doenças negligenciadas e a malária afetam bilhões de pessoas ao redor do mundo, principalmente em áreas de extrema vulnerabilidade. Os poucos medicamentos que existem para tratá-las são caros, têm pouca eficácia ou têm efeitos colaterais indesejáveis. A ideia do projeto é, portanto, estimular o desenvolvimento de capacidades para a pesquisa de novos fármacos no Brasil por meio do intercâmbio das melhores práticas de conhecimento.
"A MMV está comprometida em descobrir os medicamentos que permitirão aos países endêmicos da malária, como o Brasil, eliminar a doença de dentro de suas fronteiras e apoiar a erradicação global", disse Timothy Wells, diretor científico da entidade. "Estamos muito satisfeitos em poder contar com os conhecimentos especializados de cientistas brasileiros da Unicamp e da USP e combiná-los com a experiência da MMV em malária para desenvolver medicamentos antimaláricos para a população do Brasil e de outros países."
“O grande diferencial deste consórcio é a criação de uma rede internacional, multidisciplinar, autossustentável e pensada a partir das necessidades das populações dos países endêmicos. Trata-se de um esforço conjunto pelo mesmo propósito: obter tratamentos seguros e eficazes para a doença de Chagas, leishmaniose e malária", explicou Jadel Müller Kratz, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da DNDi.
A parceria também apoiará o treinamento de gerações futuras de especialistas em tratamento de doenças negligenciadas na Unicamp e na USP, ao mesmo tempo em que trará novas oportunidades de trabalho e investimentos em infraestrutura nessas instituições.
Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química da Unicamp, é responsável pela coordenação geral do projeto. "O consórcio vai ultrapassar fronteiras internacionais e levar à consolidação de um modelo de parceria global que contribui com a inovação, o avanço do conhecimento na área de descoberta de novos medicamentos para doenças parasitárias tropicais, a aceleração dos cronogramas de pesquisa e o compartilhamento de dados", disse.