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Debate na COP30 destaca o papel da inovação para enfrentar desafios sociais e ambientais


Debate na COP30 destaca o papel da inovação para enfrentar desafios sociais e ambientais

Aldo Ometto, coordenador de inovação do CEPID Bridge: "Não adianta adotarmos práticas isoladas de economia circular se não buscarmos conectar os diversos atores para a formação de ecossistemas que possam realmente gerar inovação sistêmica" (imagem: Freepik)

Publicado em 13/11/2025

COP30

Luciana Constantino, em Belém | Agência FAPESP – Pesquisadores do CEPID Bridge: Gestão de Ecossistemas para transições sustentáveis – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão financiado pela FAPESP – levaram à COP30, em Belém, propostas para conectar tecnologia, inovação e sustentabilidade.

A agenda integra o calendário oficial dos dias temáticos definidos pela presidência brasileira da conferência, elaborado para se alinhar com os seis eixos da Agenda de Ação: energia, indústria e transporte; florestas, oceanos e biodiversidade; agricultura e sistemas alimentares; cidades, infraestrutura e água; desenvolvimento humano e social; e questões transversais.

O debate “Gestão de múltiplos ecossistemas de economia circular para implementar a inovação em soluções industriais de baixo carbono”, que contou com a participação de pesquisadores do Bridge, teve como objetivo ampliar o entendimento sobre como diferentes ecossistemas de economia circular podem impulsionar soluções e inovações capazes de enfrentar os desafios sociais e ambientais do planeta. O encontro aconteceu no estande da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) na Zona Verde da COP30 e contou com a participação de representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Business Finland e do governo federal.

“Estamos em um processo de letramento sobre esses ecossistemas e queremos trabalhar formas de sua orquestração e gestão. A COP é uma excelente oportunidade para divulgarmos esse trabalho”, disse à Agência FAPESP o professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes, coordenador-executivo do CEPID Bridge.

“Não adianta adotarmos práticas isoladas de economia circular se não buscarmos conectar os diversos atores para a formação de ecossistemas que possam realmente gerar inovação sistêmica”, afirmou o coordenador de inovação do Bridge, Aldo Ometto, professor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.

Entendendo o conceito

Gomes destacou três tipos de ecossistemas envolvidos no propósito da economia circular – o de inovação, entendido como um conjunto de organizações que combinam os seus esforços para gerar produtos e serviços, o de empreendedorismo (visando incentivar startups) e o do conhecimento, geralmente liderado por universidades.

A economia circular é uma alternativa ao atual modelo linear de produção. Consiste em fazer a gestão de recursos finitos para recuperar seus valores, considerando regeneração e diminuição do uso de materiais. Contrapõe-se ao modelo econômico do “produzir-usar-descartar”, tendo papel importante na transformação ecológica.

“As grandes empresas têm se adaptado, mas sabemos que as pequenas e médias ainda enfrentam dificuldade. De cada dez indústrias no Brasil, seis adotam práticas de economia circular, mas a maior parte ainda com foco direcionado à reciclagem”, afirmou Larissa Malta, coordenadora da Agenda de Economia Circular da CNI, durante o evento. Segundo Malta, entre os desafios a serem enfrentados estão os juros elevados, a falta de conhecimento dos consumidores na prática pós-consumo e uma percepção negativa.

Para Sissi Alves da Silva, diretora do Departamento de Novas Economias do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, é importante que a indústria aproveite todas as soluções da economia circular para se tornar mais resiliente. “Não podemos mais ficar só no planejamento. Já passou o tempo. Temos de começar a colocar mais orçamento e outros incentivos que também promovam o direcionamento, com regras claras que facilitem as iniciativas e não criem novas barreiras”, completou a diretora.

Ao trazer a experiência da Finlândia, Helena Sarén, chefe da Zero Carbon Future Mission do Business Finland, destacou que os desafios para o setor naquele país vão além do financiamento e passam pela coordenação dos diferentes atores para promover uma proposta de valor conjunta.

“Nossa geração tem o desafio de desenvolver essas soluções e ter protagonismo em ações para conter efeitos negativos para a economia, a natureza e a sociedade. Precisamos gerar impactos positivos, soluções regenerativas. Espero que a COP, no coração da Amazônia, mostre ao mundo que só na natureza e com ela podemos encontrar soluções para nossa sobrevivência”, disse Ometto.
 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/56454