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Estudo avança no desenvolvimento de biofármaco para tratamento de câncer de próstata


Estudo avança no desenvolvimento de biofármaco para tratamento de câncer de próstata

Imagem de experimento feito para comprovar que as nanopartículas são capazes de reconhecer e de se ligar às células-alvo (crédito: Molecular Therapy: Oncolytics)

Publicado em 14/06/2022

Agência FAPESP* – Partículas semelhantes a vírus (VLP) se mostraram promissoras para o desenvolvimento de uma inovadora plataforma terapêutica voltada ao tratamento do câncer de próstata. Os resultados de ensaios em cultura de células e em modelos animais foram publicados no periódico Molecular Therapy: Oncolytics por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), de Campinas.

A investigação contou com financiamento da FAPESP pelos projetos “Desenvolvimento de estratégias para imunomodulação antitumoral” e “Desenvolvimento de nanopartículas biológicas para potencialização da resposta imune antitumoral”.

O pesquisadores elegeram como alvo as células tumorais que expressam uma proteína conhecida como PSMA (sigla em inglês para antígeno de membrana específico para próstata). Trata-se de um biomarcador da doença já usado para fins de diagnóstico clínico.

O grupo desenvolveu VLPs que levam na superfície proteínas ligantes de PSMA e moléculas que estimulam o sistema imunológico, entre elas TNFSF 4-1BBL, OX40L e a citocina GM-CSF. O objetivo era usar as nanopartículas para ativar o sistema imune e induzir a proliferação de células de defesa, potencializando a eliminação do tumor.

Os ensaios in vitro com células que apresentam o receptor PSMA mostraram que é possível direcionar as partículas até os alvos tumorais. Os experimentos com modelos animais confirmaram o efeito de potencialização da atividade de linfócitos, que eliminaram células de câncer e inibiram a ação de células imunossupressoras.

“A partícula com ligantes de PSMA tem afinidade específica por células tumorais PSMA positivas. Verificamos que os ligantes TNFSF 4-1BBL e OX40L estimulam a atividade de células T efetoras [que atuam no combate ao tumor], aumentando níveis de proliferação e a produção de citocinas antitumorais. Além disso, inibem o fator de transcrição FoxP3 de células T regulatórias [que inibem a resposta imune antitumoral]. Essa estimulação das células T resulta na eliminação das células tumorais”, conta o pesquisador do CNPEM Márcio Chaim Bajgelman, autor principal do artigo. “As partículas alvo-dirigidas potencializam a atividade antitumoral em camundongos imunocompetentes e podem ser exploradas como uma ferramenta inovadora para a imunoterapia contra o câncer”, acrescenta.

O grupo pretende agora usar recursos de engenharia biológica para transpor a estratégia testada em camundongos para gerar partículas contendo o mesmo ligante PSMA e imunomoduladores adaptados para serem reconhecidos pelo sistema imunológico humano. Nessa nova etapa de experimentos serão feitos ensaios em cultura de células humanas e em animais.

“Esses animais apresentarão enxertos de linfócitos humanos e serão desafiados com células tumorais humanas. O modelo animal humanizado permitirá aprofundar a avaliação do benefício terapêutico das VLPs imunomodulatórias e também analisar outros efeitos, como a toxicidade, por exemplo”, explica Bajgelman.

O aprofundamento dos estudos pode contribuir para que soluções bem-sucedidas sejam eventualmente incorporadas de forma combinada para aperfeiçoamento de terapias existentes, avalia o pesquisador. “Nos últimos anos, temos observado que as combinações terapêuticas podem resultar em maior benefício para o tratamento de câncer. Dessa forma, justificam-se esforços na busca de novas estratégias que potencialmente possam ser usadas em combinação com outros medicamentos que já existem no mercado.”

O artigo Boosting antitumor response with PSMA-targeted immunomodulatory VLPs, harboring costimulatory TNFSF ligands and GM-CSF cytokine pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2372770522000274?via%3Dihub.

* Com informações da Assessoria de Imprensa do CNPEM.
 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/38885