Edital visa ampliar a compreensão e propor soluções para os principais efeitos sociais da pandemia de COVID-19. Prazo final de submissão é 12 de julho e consulta de elegibilidade vai até 14 de junho (imagem: reprodução)
Publicado em 14/05/2021
Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Os problemas sociais agravados pela pandemia de COVID-19 são múltiplos e suas soluções envolvem tanto estudos relacionados à epidemiologia como às ciências sociais e humanidades. Partindo dessa premissa, 16 fundações de fomento à pesquisa que atuam em 25 países das Américas, Europa e África se uniram para lançar a chamada de propostas da Trans-Atlantic Platform (T-AP) for Social Sciences and Humanities – que visa apoiar estudos colaborativos nas áreas de ciências sociais e humanidades realizados nos dois lados do Atlântico.
A chamada T-AP Recovery, Renewal and Resilience in a Post-Pandemic World tem o objetivo de ampliar a compreensão sobre a complexa interação entre os efeitos sociais da pandemia de COVID-19 no médio e longo prazo. Com o maior entendimento dessas dinâmicas, a iniciativa visa também identificar soluções para mitigar os efeitos sociais negativos da pandemia e apoiar a recuperação e a renovação em um mundo pós-pandemia.
“Ainda existem muitas questões relacionadas à pandemia que não foram completamente entendidas e que revelam oportunidades para redesenhar o mundo de uma maneira diferente. Esperamos também, com essa chamada, propiciar novas perspectivas e abordagens para esses problemas a partir da maior colaboração científica entre pesquisadores dos dois lados do Atlântico”, afirmou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, durante o webinar de lançamento da chamada de propostas, no dia 7 de maio.
A FAPESP é a organização líder para a chamada. Integram a T-AP Recovery, Renewal and Resilience in a Post-Pandemic World agências de fomento e financiadoras de pesquisa da África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, Colômbia, Croácia, Estados Unidos, Finlândia, França, Polônia, Suíça e Reino Unido.
“Realizamos outras chamadas nesse mesmo modelo, mas esta tem um significado muito especial, pois é essencial em todo o mundo encontrar melhores maneiras de lidar com o impacto da pandemia no médio e longo prazo, construindo assim um ambiente mais adequado para vivermos”, disse Ted Hewitt, da Social Sciences and Humanities Research Council (SSHRC), do Canadá.
Colaborações entre diferentes países
Por ter um forte caráter transnacional, uma das principais especificidades da chamada está no fato de a equipe de pesquisadores ter de ser formada por membros de pelo menos três países participantes, representando ambos os lados do Atlântico. O financiamento dos projetos será dado pela agência do país do pesquisador líder para projetos com duração de 24 a 36 meses.
O prazo final de entrega das propostas é 12 de julho de 2021. Porém, é necessário que o pesquisador líder do projeto envie até 14 de junho a intenção de submissão da proposta para a agência de fomento de seu país de origem. Aconselha-se também que os interessados se cadastrem com antecedência no Sistema de Apoio à Gestão (SAGe), da FAPESP, plataforma por meio da qual as propostas devem ser enviadas.
“Como cada organização tem suas próprias regras e restrições sobre elegibilidade, é de extrema importância que os candidatos além de lerem o edital, se concentrem também nos termos adicionais de cada organização”, ressaltou Claudia Bauzer Medeiros, membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em eScience e Data Science.
Isso porque é preciso checar com o financiador se a equipe, o pesquisador líder, os pesquisadores principais de cada um dos três países que integram o projeto e, por fim, a proposta são elegíveis. Caso um financiador rejeite a proposta, todo o projeto será negado.
Os valores financiados variam de uma financiadora para outra. Pela FAPESP, cada proposta pode ter o valor máximo de R$ 450 mil. Já as agências dos Estados Unidos (US$ 200 mil), Reino Unido (£ 310 mil) e a Alemanha (€ 300 mil) oferecem valores diferentes.
As equipes transnacionais podem contar com integrantes de países ou regiões que não sejam parceiros da chamada. Parceiros não acadêmicos (ONGs, indústria e sociedade civil) também podem participar da colaboração. No entanto, a depender do termo adicional de cada financiador, nenhum financiamento poderá ser aplicado para eles.
Desafios globais
Entre os cinco principais desafios relacionados à COVID-19 elencados na chamada estão: redução das desigualdades e vulnerabilidades; construção de uma sociedade mais resiliente, inclusiva e sustentável; fomento da governança democrática e a participação política; avanço da inovação digital responsável e inclusiva; e garantia da comunicação e mídia eficazes e precisas.
As propostas devem apresentar soluções para um ou mais dos cinco desafios relacionados à pandemia e ao mundo pós-pandêmico. Embora seja encorajada, a interdisciplinaridade não é obrigatória nos projetos.
“A COVID-19 e suas implicações na sociedade fizeram surgir uma série de perguntas sobre economia, governança, futuro do trabalho, meio ambiente, educação, comunicação e tantas outras. Portanto, acreditamos que as ciências sociais e humanidades têm muito a contribuir na resolução desses desafios”, diz Manija Kamal, da Economic and Social Research Council (ESRC), do Reino Unido.
De acordo com o edital, a partir de um ou mais desses cinco desafios, os pesquisadores poderão entender e abordar os efeitos sociais complexos da pandemia de COVID-19 e informar os esforços de mitigação, contribuindo assim para um futuro mais equitativo, resiliente e sustentável.
Em tempos de pandemia e de restrições de voos e viagens, é importante que as propostas indiquem alternativas para a realização das pesquisas. “Alguns países podem não permitir a entrada de parte da equipe ou de algum pesquisador. Por isso, é importante considerar cenários alternativos”, diz Kamal.
Para mais informações acesse: https://fapesp.br/14817/.