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FAPESP e Fermilab assinam memorando de entendimento


FAPESP e Fermilab assinam memorando de entendimento

Objetivo do acordo é promover e aprofundar a cooperação científica e tecnológica entre pesquisadores de São Paulo e do laboratório de pesquisa do Departamento de Energia dos Estados Unidos em física de alta energia (foto: Fermilab)

Publicado em 12/05/2021

Elton Alisson  |  Agência FAPESP – A FAPESP assinou um memorando de entendimento com o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), dos Estados Unidos.

O acordo tem o objetivo de promover e aprofundar a cooperação científica e tecnológica entre pesquisadores do Estado de São Paulo e do laboratório de pesquisa do Departamento de Energia dos Estados Unidos em física de alta energia, incluindo neutrinos – partículas elementares que viajam a uma velocidade muito próxima à da luz.

A colaboração pode incluir o intercâmbio de professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação, além de colaboração em pesquisa, organização de workshops, palestras, simpósios e reuniões conjuntas e outras formas de cooperação.

"O acordo abrirá oportunidades para jovens pesquisadores de qualquer nacionalidade iniciarem suas carreiras em universidades do Estado de São Paulo, trabalhando em tópicos avançados relacionados à física experimental de neutrinos no experimento Dune [Deep Underground Neutrino Experiment, na sigla em inglês], que será conduzido pelo Fermilab", disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.

Previsto para começar a ser construído em 2021, o projeto Dune buscará descobrir novas propriedades dos neutrinos. Para isso, um acelerador de partículas irá disparar um poderoso feixe dessas partículas do Fermilab, situado nos arredores de Chicago, para Lead, em Dakota do Sul, a 1.300 quilômetros de distância.

Lá, um detector de partículas subterrâneo preenchido com 70 mil toneladas de argônio líquido, localizado a 1,5 km abaixo da superfície, capturará as interações de alguns desses neutrinos, fornecendo pistas sobre a evolução do Universo.

Por meio de um projeto apoiado pela FAPESP, os físicos Ettore Segreto e Ana Amelia Bergmanini Machado,ambos professores do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveram o novo conceito tecnológico de detecção de partículas de luz (fótons) que será usado no experimento Dune.

Chamado "Arapuca", em alusão à armadilha para pássaros, o dispositivo coletará sinais de luz em frequência muito baixa emitida pelos detectores do Dune.

“O sistema de detecção de fótons desenvolvido por pesquisadores da Unicamp teve muito êxito”, disse Nigel Lockyer, diretor do Fermilab.

“São Paulo tem trazido muitos talentos com conhecimento de ponta em engenharia para contribuir com os nossos projetos desafiadores. A FAPESP tem sido uma grande parceira para a construção do nosso relacionamento com toda a comunidade latino-americana de ciência e engenharia”, avaliou Lockyer.

Ampliação da parceria

O acordo entre a FAPESP e o Fermilab foi assinado durante a 5ª Reunião da Comissão Mista Brasil-EUA de Cooperação Científica e Tecnológica (5ª Comista), que aconteceu em 6 de março no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.

Na mesma ocasião, a Unicamp assinou um acordo com o Fermilab para colaboração em pesquisa no programa de desenvolvimento de infraestrutura para o Dune.

Denominado LBNF (Long-Baseline Neutrino Facility, em inglês), o programa tem o objetivo de desenvolver os criostatos que abrigarão o detector e a criogenia para manter a temperatura de 184 °C negativos para o argônio líquido que preencherá o detector gigante.

A criogenia do Dune inclui o sistema de refrigeração de nitrogênio, tubos, bombas e outros equipamentos necessários para encher os criostatos, mantê-los frios e circular, além de purificar o argônio líquido.

Os pesquisadores da Unicamp já estão contribuindo para o LBNF, realizando estudos e testes relacionados à recirculação, purificação, regeneração e condensação de argônio, para garantir que os componentes necessários atendam às especificações.

Agora, por meio do acordo, poderão projetar e fornecer sistemas para purificar, regenerar, circular e condensar argônio.

“A Universidade de Campinas está muito orgulhosa com esse importante acordo com o Fermilab, que representa o fortalecimento de um relacionamento de longo prazo na pesquisa básica, especificamente na física de neutrinos”, disse Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.

“Esperamos ajudar a construir essa instalação de classe mundial e enfrentar os desafios significativos de engenharia que apresenta. Acreditamos firmemente que, juntos, contribuiremos para o avanço da ciência e da tecnologia ”, afirmou Knobel.
 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/32744