Microbioma amazônico é uma fonte ainda pouco explorada de inovação para a agricultura sustentável (imagem: Juan Lopes Teixeira/Esalq-USP)
Publicado em 14/08/2025
Agência FAPESP – Um estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), campus de Piracicaba, revelou o potencial de microrganismos isolados da floresta amazônica na promoção do crescimento de plantas, no controle de doenças agrícolas e na descoberta de compostos bioativos inéditos.
A pesquisa explorou actinobactérias, um grupo de bactérias conhecido pela rica produção de metabólitos com aplicações agrícolas e farmacêuticas.
De autoria da bióloga Naydja Moralles Maimone, a pesquisa foi financiada pela FAPESP e realizada no Laboratório de Microbiologia Agrícola e Química de Produtos Naturais, sob orientação da professora Simone Lira.
O projeto reuniu pesquisadores da Esalq, da USP de São Carlos e da Simon Fraser University, do Canadá. “As actinobactérias estudadas foram isoladas de solos amazônicos e estavam armazenadas no Laboratório de Genética de Microrganismos da Esalq. Destacamos o caráter interdisciplinar desse estudo, que englobou diferentes áreas da microbiologia, genética e química orgânica”, conta Maimone à Assessoria de Imprensa da Esalq.
O estudo utilizou técnicas avançadas de metabolômica e genômica, revelando como o microbioma amazônico é uma fonte ainda pouco explorada de inovação para a agricultura sustentável.
Duas das linhagens avaliadas se destacaram. A Streptomyces sp. AM25 demonstrou forte potencial como bioinsumo agrícola, promovendo o crescimento de plantas de milho e inibindo fungos que atacam culturas como soja, milho e tomate. A Streptantibioticus sp. AM24 surpreendeu por produzir compostos inéditos, como duas novas acidifilamidas, tripeptídeos (um tipo de peptídeo composto por três aminoácidos) com estruturas químicas não usuais, uma delas contendo uma modificação que ainda não havia sido descrita anteriormente em metabólitos originados de microrganismos.