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Novo mecanismo de combate a infecções fúngicas é descrito


Novo mecanismo de combate a infecções fúngicas é descrito

Estudo conduzido na USP indica que a proteína interferon do tipo 1, produzida por células do sistema imune para combater vírus, também participa da resposta a fungos do gênero Candida. Descoberta pode ajudar no tratamento de patógenos resistentes (imagem: Candida albicans; Public Health Image Library/CDC)

Publicado em 18/06/2021

Agência FAPESP* – Os interferons do tipo 1 são glicoproteínas produzidas por células do sistema imune conhecidas por sua atividade antiviral, sendo essenciais, por exemplo, no combate aos coronavírus. Porém, um estudo conduzido no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) revelou que essas moléculas também atuam no combate a infecções por fungos do gênero Candida.

A descoberta pode ajudar, futuramente, no desenvolvimento de terapias complementares contra os fungos, que muitas vezes desenvolvem resistência aos tratamentos convencionais.

A pesquisa foi publicada em versão pré-print (ainda sem revisão por pares) na plataforma de divulgação científica Research Square. Foi desenvolvida pelo mestrando Ranieri Salgado, sob a orientação do pesquisador Otávio Marques, ambos do ICB-USP. O estudo contou com apoio da FAPESP pelo projeto regular “Análise sistêmica e integrativa dos mecanismos de exaustão dos linfócitos T de pacientes com COVID-19” e pelo projeto de Apoio a Jovens Pesquisadores “Análise sistêmica e integrativa da resposta imune às infecções virais por Zika e Dengue”.

O grupo analisou dados de transcriptomas disponíveis na literatura para investigar a atividade das diferentes camadas do sistema imune na resposta às infecções fúngicas. Somados a outros receptores e citocinas, em especial aos receptores do tipo Toll, os interferons do tipo 1 potencializam a resposta imune como um todo, aumentando as chances de recuperação do indivíduo.

Foram analisadas as respostas ao Candida albicans, fungo oportunista presente no organismo, e ao Candida auris, espécie emergente que rapidamente adquire resistência aos principais fármacos usados na clínica, cujo primeiro caso no Brasil foi descoberto em dezembro de 2020, em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dedicada à COVID-19 em Salvador (BA). A infecção por esse fungo é mais comum em pessoas hospitalizadas.

“O trabalho indica que o nosso sistema imune utiliza as mesmas vias de sinalização para combater fungos e vírus. Se um paciente com COVID-19 é infectado por um fungo no ambiente hospitalar, por exemplo, sua recuperação pode ser prejudicada, pois a via de resposta já está sobrecarregada”, explica Marques em entrevista à Assessoria de Comunicação do ICB-USP.

Na próxima etapa do projeto, os pesquisadores querem entender a relação entre as infecções fúngicas e a COVID-19. “Pretendemos comparar as condições da resposta imune à COVID-19 e à infecção por C. albicans para confirmar se realmente os pacientes com SARS-CoV-2 teriam uma deficiência na resposta aos fungos, como alguns estudos têm indicado", afirma Salgado.

Também está nos planos do grupo testar o tratamento de infecções fúngicas com interferons do tipo 1 em animais.

* Com informações da Assessoria de Comunicação do ICB-USP.
 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/36155