Maria Helena de Moura Neves venceu na categoria ‘Sênior’ e Mayara Condé Rocha Murça recebeu o prêmio ‘Jovem Pesquisadora’. Ao todo, 174 profissionais do Estado de São Paulo foram indicadas (foto: SDE/divulgação)
Publicado em 14/02/2022
Agência FAPESP – As pesquisadoras Maria Helena de Moura Neves e Mayara Condé Rocha Murça foram as homenageadas da primeira edição do Prêmio Ester Sabino para Mulheres Cientistas. A cerimônia foi realizada na sexta-feira (11/02), no Palácio dos Bandeirantes, com a presença da secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
Premiada na categoria “Pesquisadora Sênior”, Moura Neves é professora emérita na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e licenciada em Letras. Atua na Universidade Presbiteriana Mackenzie e no campus de Araraquara da Unesp. Também coordena o Grupo de Pesquisa Gramática de usos do português do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é autora de vários livros na área, entre eles A gramática do português revelada em textos.
Rocha Murça, capitã da Força Aérea Brasileira e autora de um projeto voltado ao gerenciamento do tráfego aéreo, recebeu o prêmio “Jovem Pesquisadora”. É graduada em engenharia civil-aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com mestrado em engenharia de infraestrutura aeronáutica e doutorado em aeronáutica e astronáutica pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Também é chefe da Divisão de Engenharia Civil do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e coordenadora do Laboratório de Gerenciamento de Tráfego Aéreo.
“[O prêmio Ester Sabino] é uma forma singela de agradecer e reconhecer a importância da mulher no desenvolvimento da ciência no nosso país. Aqui em São Paulo, além de respeitarmos a ciência, a apoiamos para um futuro melhor”, disse o vice-governador, Rodrigo Garcia, em vídeo transmitido durante a cerimônia.
Patrícia Ellen ressaltou que, pela primeira, vez a Secretaria de Desenvolvimento Econômico possui gestão 100% feminina e que as três universidades paulistas são comandadas por mulheres nas vice-reitorias. “As mulheres sempre tiveram tripla jornada, um desafio que enfrentamos até hoje, mas que não tira o estímulo pelo crescimento profissional”, afirmou a secretária, idealizadora da premiação.
“Fiz questão de garantir que este prêmio acontecesse para que a gente pudesse fazer com que ele virasse a regra, e não a exceção. Reconhecer o trabalho das mulheres cientistas é pressuposto fundamental para a participação feminina igualitária no campo das ciências”, disse.
A pasta recebeu para esta edição a indicação de 174 profissionais e mais de 14 mil votos.
“Por que alguém que faz gramática e dicionário está sendo chamada de cientista, sendo que, em todo o percurso escolar da maioria dos que estão aqui, a gramática sempre foi vista como algo que amarra, prende, dogmatiza; algo absolutamente alheio ou até contrário à ciência? É a noção de ver ciência nas humanidades e na língua e a necessidade de guardar sempre o nome e a ação daqueles que nos conduziram até onde estamos”, comentou Moura Neves ao receber a homenagem.
De acordo com a Unesco, apenas 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres. No Brasil, elas representam 54% dos doutorandos e publicam 70% dos artigos científicos do país, embora recebam apenas 24% das bolsas de produtividade. O prêmio, combinado com outras ações do governo estadual, tem por objetivo inserir as mulheres nas posições de liderança da área da pesquisa.
Presenças de destaque
Realizado no Dia das Mulheres e Meninas na Ciência, o evento contou com a presença da professora da Universidade de São Paulo (FM-USP) Ester Sabino, que dá nome à premiação. A imunologista integra um grupo de cientistas que teve destaque fundamental durante a pandemia, ao sequenciar, em 48 horas, o genoma do novo coronavírus.
"Acho que muitas mulheres que conseguem subir na carreira acreditam que não há dificuldades. A primeira questão é começar a perceber que elas existem. Quando a gente percebe, começamos a ver formas de mudar isso”, disse Sabino.
Vanderlan Bolzani, presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e membro do Conselho Superior da FAPESP, também participou da cerimônia e defendeu que iniciativas como esta têm importância em nível internacional. “O mundo tem de ter consciência de que ele só será melhor, socialmente mais justo, quando diminuirmos a discriminação de gênero.”
Outras duas professoras da USP foram homenageadas com menções honrosas: Camila Meirelles de Souza Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), e Alicia Juliana Kowaltowski, do Instituto de Química (IQ-USP). Também foram finalistas a professora do Instituto Federal de São Paulo Dayana Aparecida Marques de Oliveira Cruz e a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Ambientais Giselda Durigan.
Estiveram presentes na cerimônia o presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, e os reitores da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior; da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles; do ITA, Anderson Correia; do Mackenzie, Marco Tullio de Castro Vasconcelos; e da Unesp, Pasqual Barretti.