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Produção científica na área de saúde do solo se concentra em poucos países


Produção científica na área de saúde do solo se concentra em poucos países

Localização dos 100 pesquisadores mais produtivos (autores), agrupados por país (imagem: Maurício Roberto Cherubin et al./Nature)

Publicado em 06/10/2025

Agência FAPESP – Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), campus de Piracicaba, e do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON) mostraram em estudo que regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas e à degradação ambiental são as que menos produzem conhecimento local sobre saúde do solo.

O CCARBON é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Esalq-USP.

A pesquisa revelou que a produção científica mundial sobre saúde do solo cresceu significativamente na última década, com 52% dos artigos publicados nos últimos cinco anos e 74% nos últimos dez anos. De acordo com Maurício Roberto Cherubin, professor da Esalq e pesquisador do CCARBON, saúde do solo é uma temática emergente no Brasil e no mundo, atraindo interesse não somente da academia, mas também do setor produtivo e de iniciativas governamentais.

“Solos saudáveis desempenham múltiplas funções críticas que sustentam a saúde planetária e humana, viabilizando a produção de alimentos, fibras e bionergias, sequestro de carbono, hábitat para a biodiversidade, armazenamento e ciclagem de nutrientes e regulação da água. Essas funções são cruciais para manter o equilíbrio do ecossistema, aumentar a resiliência climática e garantir a sustentabilidade a longo prazo”, disse Cherubin à Assessoria de Imprensa da Esalq.

Segundo o estudo, essa produção científica se concentra em poucos países, tais como China, Estados Unidos, Índia, Brasil e países europeus. Cerca de 70% dos estudos têm origem nos dez países que mais publicam nessa área. Esses países também apresentam as maiores cooperações científicas entre si e hospedam a maioria dos pesquisadores mais produtivos na área.

Os dados da pesquisa foram detalhados em artigo publicado na Communications Earth & Environment.

O trabalho ainda aponta os principais “pontos cegos”, regiões com pouca ou nenhuma pesquisa sobre saúde do solo, com destaque para a América Central e do Sul (exceto Brasil), África, Sudeste Asiático e Oriente Médio. Essas regiões são as mais vulneráveis pelas taxas elevadas de desmatamento, erosão severa e perda de biodiversidade. Além disso, estão entre as mais ameaçadas pelas mudanças climáticas.

Para Cherubin, esse aspecto do estudo é um dos mais críticos: “Como podemos avançar em termos de segurança alimentar e combate às mudanças climáticas se as regiões do globo mais vulneráveis a essas ameaças são justamente as regiões com a maior carência de informações e os menores investimentos em ciência? Consequentemente, são áreas com baixa capacidade de gerar tecnologias capazes de reverter esse cenário dentro de um prazo ainda viável, dada a urgência climática que vivemos”.

Para enfrentar esse cenário, os autores do artigo recomendam que a saúde do solo seja priorizada nas agendas nacionais, como a Brazilian Soil Health Partnership, e internacionais, com ampliação de investimentos, fortalecimento de redes de pesquisa locais e uso de ferramentas de monitoramento da saúde do solo que sejam simples e de baixo custo.

O artigo Global blind spots in soil health research overlap with environmental vulnerability hotspots pode ser lido em: www.nature.com/articles/s43247-025-02663-w.
 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/56065