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Variante Delta pode exigir intervalo mais curto entre doses de vacina, sugere estudo


Variante Delta pode exigir intervalo mais curto entre doses de vacina, sugere estudo

Ferramenta descrita na PNAS por grupo do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria tem potencial de auxiliar gestores a planejar a melhor estratégia de imunização de acordo com a vacina disponível e as cepas predominantes do SARS-CoV-2 em cada região (imagem: CeMEAI/divulgação)

Publicado em 20/08/2021

Agência FAPESP* – Em regiões de prevalência da variante Delta do novo coronavírus, o intervalo entre doses de vacina contra a COVID-19 precisa ser inferior a 12 semanas para que se tenha um controle efetivo da pandemia. É o que sugere um modelo desenvolvido pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) a partir de dados preliminares da eficácia da vacina da AstraZeneca para a variante Delta.

O CeMEAI é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos.

A ferramenta está descrita em artigo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). A tecnologia – criada pelo grupo ModCovid-19, que abrange pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP) – projeta um tempo seguro e ideal entre doses para controle da pandemia, a partir de dados de eficácia de vacinas.

O trabalho do ModCovid-19 mostra que vacinas com menos de 50% de eficácia na primeira dose precisam de um intervalo menor de aplicação do que vacinas com taxas de eficácia maiores. Alimentada com estudos prévios sobre eficácia dos imunizantes, a tecnologia indica quando é possível adiar as doses e quando se atinge o máximo possível de proteção.

“O próprio algoritmo decide quando é melhor aplicar a segunda dose, levando em conta a primeira, de maneira a controlar o mais rápido possível a pandemia”, explica Paulo José da Silva e Silva, coautor do estudo e professor da Unicamp, em entrevista à Assessoria de Comunicação da CeMEAI. Por isso, a ferramenta disponível on-line pode ajudar na tomada de decisão durante o processo de imunização da população brasileira e de outros países.

O professor lembra que, quando o artigo foi escrito, em fevereiro de 2021, a principal pergunta era se valeria a pena adiar a segunda dose e qual a maneira mais segura de se fazer isso, em virtude da quantidade limitada de doses. Nesse sentido, o estudo teve como base a vacina da AstraZeneca e concluiu que a diferença no percentual de eficácia entre a primeira dose e a segunda era muito pequena e, por isso, valeria a pena esperar e vacinar mais gente com a primeira dose.

Agora, com o avanço da variante Delta em algumas regiões do Brasil e do mundo, as estratégias de vacinação podem ser revistas a partir desse modelo.

“Com a publicação do artigo na PNAS, esperamos que a tecnologia que desenvolvemos se torne mais acessível e possa chegar a vários países e tomadores de decisão. Deixamos o código totalmente disponível na internet e nos disponibilizamos também para ajudar qualquer pessoa que queira usar. Nosso trabalho desenvolve e implementa a metodologia que pode analisar a situação em diferentes locais. Desenvolvemos um modelo que não é só para o Brasil, ele é uma contribuição para a ciência e é uma tecnologia que pode ser usada no futuro, não apenas para a COVID-19”, finalizou Silva.

O artigo Optimized delay of the second COVID-19 vaccine dose reduces ICU admissions pode ser lido em: www.pnas.org/content/118/35/e2104640118.

* Com informações da Assessoria de Comunicação do CeMEAI.
 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/36644