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Ventilador pulmonar desenvolvido na USP começa a ser utilizado no InCor


Ventilador pulmonar desenvolvido na USP começa a ser utilizado no InCor

Dez unidades do equipamento desenvolvido na Escola Politécnica começam a ser utilizadas hoje (16/7) no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (imagem: divulgação)

Publicado em 29/04/2021

André Julião | Agência FAPESP – Chegam nesta quinta-feira (16/7) ao Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) as primeiras 10 unidades do INSPIRE, ventilador pulmonar de baixo custo desenvolvido na Escola Politécnica (Poli) da USP em parceria com a FM-USP. O desenvolvimento durou quatro meses e envolveu mais de 200 pesquisadores.

O anúncio foi realizado em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta-feira (15/07). “É uma grande conquista, uma grande vitória”, disse o governador João Doria durante a coletiva.

“Isso foi possível não apenas porque foi um trabalho árduo de quatro meses, de quase 200 pesquisadores, mas porque o Governo do Estado de São Paulo confia, apoia e financia seus centros de ensino e pesquisa. É importante destacar que os participantes desse projeto são pesquisadores que se dedicam a esse tema e a outros similares há décadas. Por isso, quando a sociedade necessitou, felizmente conseguimos, em um espaço de tempo muito pequeno, colocar o equipamento à disposição”, disse Vahan Agopyan, reitor da USP.

No total, 40 pacientes deverão utilizar os respiradores neste estudo-piloto, autorizado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). A equipe cumpre as últimas exigências para liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção do ventilador pulmonar.

“Deve ser um processo de um mês e durante esse tempo estamos cumprindo as últimas exigências da Anvisa. Estamos nos preparando para uma produção de 10 a 20 respiradores por dia”, disse Raul Gonzalez Lima, professor da Poli-USP e coordenador do projeto. Os respiradores são montados nas instalações da Marinha do Brasil em São Paulo.

Lima trabalha há cerca de 20 anos, com apoio da FAPESP, no desenvolvimento de tecnologias que possibilitam monitorar e otimizar a ventilação artificial em pacientes em tratamento intensivo. Com o monitoramento, busca-se minimizar os efeitos colaterais e diminuir o tempo de dependência da ventilação mecânica (leia mais em: agencia.fapesp.br/33084/).

“A USP é uma universidade pública e de pesquisa e tem como uma de suas missões a transferência de tecnologia e de conhecimento. O resultado que estamos inaugurando tem agregado um conteúdo resultante de 20 anos de pesquisas na área pulmonar, de uma cooperação entre várias unidades da USP”, disse o pesquisador.

Lima destacou ainda que, para que o tratamento seja eficaz, as especificações de um ventilador pulmonar devem ser muito precisas. Por isso a importância da parceria com o grupo liderado por Carlos Carvalho, professor da Faculdade de Medicina da USP e membro do Centro de Contingência do Coronavírus.

“Nessa epidemia, uma UTI bem constituída, com profissionais treinados, é o que consegue manter o indivíduo vivo pelo tempo necessário para que ele produza os anticorpos contra o vírus. Para tratar a insuficiência respiratória, a alternativa é a ventilação mecânica. Fizemos testes-piloto, o ventilador se mostrou adequado e, a partir de amanhã [16/7], vamos iniciar a pesquisa em 40 pacientes, que deve ser concluída em três ou quatro semanas”, disse Carvalho.

“É mais uma vitória da academia e da ciência e reforça o compromisso do Estado de São Paulo com a ciência e a tecnologia. São iniciativas como esta que podem, de fato, fazer a diferença e que colocam São Paulo em outro patamar de compromisso no enfrentamento do coronavírus”, disse Patricia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado.

Custo de produção

Lima esclareceu que o custo de produção, antes estimado em R$ 1 mil, subiu devido à alta do dólar e à adição de novos componentes para atender a mudanças na legislação. As estimativas agora variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil.

O governador João Doria acrescentou que, assim que o equipamento passar a ser produzido em larga escala, deve pedir a isenção de impostos para quem fabricá-lo.

“Neste momento ele [INSPIRE] é fruto de doações, não há nenhum imposto federal ou estadual. Havendo a produção em escala, vamos enviar projeto de lei à Assembleia Legislativa – não é uma decisão do Executivo – e ela deve validar a isenção do imposto. Deve ser feito tão logo entre em ritmo de [produção em] escala”, afirmou o governador.

Fonte: https://agencia.fapesp.br/33654